O bolo, preparado na própria paróquia, foi servido a centenas de pessoas (Foto: Ana Luiza Verzola)
Com a chegada do mês de junho, homens e mulheres de todo o Brasil que procuram um casamento se colocam a postos para sair à caça de pedaços do bolo de Santo Antônio, o “santo casamenteiro”, que tem seu dia comemorado pelos católicos em 13 de junho. Na Vila Santo Antônio (zona norte de Maringá), esse costume ganha proporções ainda maiores. Há 13 anos, o bolo de Santo Antônio é oferecido aos fieis de Maringá e região, que buscam o quitute justamente por ser preparado na paróquia de Santo Antônio, uma das mais tradicionais da cidade. Este ano o bolo foi servido no último dia 8. “As pessoas vêm com mais fé buscar o bolo. Acreditam que achando a medalhinha aqui talvez tenham mais chances de se casar”, conta o padre Santo Ferreira, pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua.
Após o meu divórcio, sempre orei para Santo Antônio me arrumar um bom homem, que fosse bom para mim e para meus filhos.
Coincidência ou não, há quem já tenha se casado após encontrar medalhas nos pedaços de bolo que comeu. A pedagoga Viviane Cristina Pinheiro, 34, achou dez medalhas nos pedaços de bolo trazidos pela amiga da mãe. Pouco tempo depois, reencontrou um ex-namorado cujo contato já havia perdido, reconciliou-se com ele e se casou. Tudo isso há quatro anos. “Foi rápido. Comi o bolo e achei as dez medalhinhas. Uns meses depois, estava na catedral e reencontrei meu atual marido, ocasionalmente. Nos reconciliamos e acabamos nos casando.” Após o meu divórcio [Jacira foi casada por 17 anos], sempre orei para Santo Antônio me arrumar um bom homem, que fosse bom para mim e para meus filhos.”
| Massa 6 ovos 3 xícaras de farinha de trigo 2 ½ xícaras de açúcar 250 ml de água 1 colher de chá fermento em pó 1 colher de chá de emusificante |
| Recheio Doce de leite à vontade |
| Glacê Leite, emulsificante e açúcar (que devem ser batidos até engrossar) |
| Calda Água e baunilha diluída |
| Modo de preparo Bata as claras em neve. Após batê-las, acrescente as gemas, o açúcar, a água, a farinha e o emulsificante. Bata tudo até encorpar. Acrescente o fermento em pó e bata mais um pouco, até misturar o fermento. Asse o bolo a 180 °C em forma untada, por 35 a 40min. Depois de assado, corte no sentido do comprimento e alterne bolo, calda, doce de leite, bolo, calda e finalize com o glacê |
Fé e crença levam centenas de pessoas à paróquia Santo Antônio (Foto: Thiago Bulhões)
Apesar de o bolo e de as medalhas serem responsáveis por grande parte da crença em torno de Santo Antônio, a simples influência da paróquia pode criar situações para que “almas gêmeas” se encontrem. Assim aconteceu com a secretária Jacira do Carmo Contessotto, 51, que garante ter encontrado seu atual marido sem precisar ter “caçado” medalhinhas pelo famoso bolo. “Após o meu divórcio [Jacira foi casada por 17 anos], sempre orei para Santo Antônio me arrumar um bom homem, que fosse bom para mim e para meus filhos.” Jacira, que foi catequista na paróquia por 15 anos e atualmente trabalha como secretária paroquial, diz que tanta dedicação e fé teve retorno: “encontrei meu atual marido aqui na paróquia. Estou com ele há três anos e consegui refazer minha vida”, declara a secretária, com empolgação.
Coordenadora da confecção do bolo há oito anos, a voluntária Lílian Maia frisa que participar do preparo do bolo é “algo que dá trabalho, mas que é muito gratificante”. Entre massa, recheio e glacê, são utilizados aproximadamente 1.200 dúzias de ovos, 580 kg de farinha, 15 kg de fermento, 580 kg de açúcar, 20 kg de emulsificante (substância utilizada no preparo de sorvetes), além de água mineral, baunilha, doce de leite e 10 mil medalhas. Cada pedaço do bolo é vendido a R$ 2 e a comunidade recebe, todos os anos, aproximadamente 20 mil visitantes, uma boa parte deles que enxergam nas medalhas a chance de encontrar um pezinho quente para as noites frias.